22 abril 2014

[RESENHA] A NOITE MALDITA - ANDRÉ VIANCO



“Quer saber como o mundo vai acabar?

Eu vou te dizer…


Primeiro, metade da humanidade vai afundar num sono paralisante e misterioso, então o caos tomará conta das cidades. Muitos vão acreditar que uma epidemia chegou para dizimar os humanos, outros vão vagar pelas ruas, perdidos, procurando uma resposta para o episódio. O fenômeno dos adormecidos será tão poderoso, entupindo hospitais com gente desacordada e desesperada que muitos demorarão a notar que este não é o único flagelo que os rodeia. Os sistemas de telecomunicações cairão, não haverá mais TV, rádio ou internet, os celulares e telefones vão ficar mudos, isolando as pessoas e ampliando o desespero. Da população que não foi apanhada pelo sono, metade adoecerá de uma hora para outra, começando a passar mal, evitando a luz do sol e sofrendo de terríveis dores abdominais que as tornarão pessoas extremamente agressivas e eles serão milhões e assim serão chamados: “os agressivos”. Então quando a noite maldita chegar, todos descobrirão como será o fim. Os agressivos se tornarão criaturas estranhas, violentas, que atacarão qualquer um em uma insana busca por sangue. Eles serão tão numerosos e tão violentos que e a sociedade abalada será engolfada por esse cenário tenebroso e sucumbirá. Assim será o fim do mundo. Você acha que sobreviveria em um planeta assim?”
Fonte: BLOG DO VIANCO


Este livro pode ser descrito em uma palavra: MARAVILHOSO! 

Sou suspeita em falar dos livros do André Vianco, sou fã de vampiros e completamente apaixonada pelos vampiros portugueses de Os Sete e Sétimo. Mas vamos nos concentrar neste livro.

Embora este seja o início da história, não recomendo para aqueles que ainda não conhecem a série do Vampiro Rei. Pois, A Noite Maldita, é prólogo da saga (que é composta pelos livros: Bento, Bruxa Tereza e Cantarzo, nos quais se desenvolve a guerra contra os vampiros). Aqui, conhecemos as origens de alguns personagens que terão papel fundamental nessa trilogia. Entretanto, muitos fatos permanecem em aberto e muitas perguntas não são respondidas. Assim sendo, pode parecer que as histórias são aleatórias e desconexas. Somente depois de ler a trilogia, você passará a entender quem é quem na guerra. 

Para aqueles que já conhecem, este é um presente para os fãs. Por nos mostrar como a população encarou o princípio do fim do mundo.

À meia-noite luzes estranhas (como relâmpagos), seguida de um estrondo e um cheiro adocicado, são vistas em diversos lugares por muitas pessoas (mesmo aqueles que estão muitos quilômetros distantes uns dos outros). Depois disso, situações inusitadas começam a acontecer. 

Primeiro um “apagão no sistema de comunicação”. Nada funciona: rádio, televisão, celular, telefone residencial, caixa eletrônico, cartão de crédito, pedágio, internet. De uma hora para outra voltamos à idade média no quesito comunicação. 

Depois várias pessoas caem num sono profundo. Um coma sem qualquer motivo aparente. Idades diversas, qualquer gênero e nenhum grau de parentesco, mas os mesmos sintomas: sinais vitais fracos e “adormecidos”.

Seria um ataque terrorista? Um ataque de hackers seguido de um envenenamento? Estariam interligados ou não? Como explicar esses dois eventos? 

Enquanto isso, alguns dos “acordados” começam a sentir uma sede tremenda, mas não de qualquer líquido e sim de sangue. Esses são tomados de violência e força sobre-humanas. Atacam quem estiver em seu caminho, sem ter consciência de quem são ou do que estão fazendo. Apenas buscam sangue.

“A garota, ainda virada para Corina, abriu a boca e lançou um rosnado animalesco. Os olhos dela pareceram cintilar, vermelhos, por um breve segundo. Corina, aterrorizada, ficou imóvel, tremendo, enquanto a garota, como um felino se alimentando, simplesmente se voltou para a comida e tornou a empurrar o corpo do homem para o lado, fazendo-o balançar a cada investida.”

Alguns poucos, entretanto, mantiveram um pouco de sua consciência. Um objetivo a ser cumprido. Sem se importar com o que vai destruir no caminho desse desejo. Isso não os tornava menos perigosos, apenas predadores mais conscientes e focados.

Raquel queria mais sangue, sangue vivo e quente. Queria encontrar aqueles que tinham matado seus filhos e seu marido, aqueles que tinham acabado com sua vida e, talvez por misericórdia, empurrado seu corpo antigo para dentro da cova. Queria arrancar um pedaço de cada um com seus dentes novos. Raquel queria fazer com que sentissem tanta dor, a ponto de implorarem para serem mortos e enterrados.”

Nesse cenário apocalíptico, temos o primeiro contato com os bentos. Os únicos a ficarem entre as pessoas comuns e os vampiros.

“Aquilo não estava certo. Aquele homem hediondo não podia estar ali. Aquele homem tinha tentado matar a enfermeira. Aquele homem tinha tomado o sangue dela. Era uma besta, um demônio enviado das sombras para fazer mal a toda gente. O médico sentiu-se ofegante, sufocado por uma urgência que precisava extravasar. Francis correu até o lambedor de sangue e desferiu um potente chute em sua cabeça.”

Não há mais ordem, o caos impera. Não há governo, polícia ou quem possa dizer o que está acontecendo. 

Familiares e amigos adormecidos, completamente vulneráveis, ou transformados em algo terrível demais para acreditarmos. Como manter a sanidade nisso tudo? Como juntar o que sobrou da sociedade? Como sobreviver após a Noite Maldita?

Esse livro é de tirar o fôlego. Uma urgência jamais saciada exala das páginas. O desespero dos personagens é o nosso desespero. 

A história é cheia de ação, aventura, suspense, terror, drama e uma pitada de comédia, muito bem entrelaçados por André Vianco. São várias crônicas, magistralmente interligadas, que nos mostram o que ocorreu quatro dias antes e quatro dias depois da Noite Maldita, descritas com a maestria digna de George R. R. Martin.

Assim como em The Walking Dead, não sabemos o que causou os acontecimentos de A Noite Maldita e vamos descobrindo junto com os personagens as consequências dela. Temos a visão das pessoas comuns, não há um governo ou notícias de outros países.

Esqueçam os vampiros “humanizados” de atualmente. Pensem num monte de criaturas com formas humanas e uma sede infinita, incapaz de parar a matança, mesmo se for daqueles que um dia amaram. Esses são os vampiros que nasceram na Noite Maldita. Amo os livros de apocalipse zumbi, mas um apocalipse vampiro é muito mais interessante e aterrador.

Somente senti falta de falar mais sobre o nascimento das fortificações, mas como o livro parece pertencer a uma série (As Crônicas do Fim do Mundo), podemos sonhar com uma continuação e mais um livro para a saga.

Esse livro não é para ser lido, mas devorado com a mesma volúpia de vampiros sedentos de sangue.





LEIA OS 3 PRIMEIROS CAPÍTULOS AQUI






Esta postagem faz parte do Desafio Literário Descobrindo o Brasil.

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