[RESENHA] HALO - ALEXANDRA ADORNETTO

Três anjos são enviados à Terra com planos de se misturarem aos humanos para assegurar a paz e trazer a bondade: Gabriel, o Herói de Deus, um antigo guerreiro que se disfarça de professor de música; Ivy, serafim abençoada com poderes de cura; e Bethany, a mais nova e inexperiente do grupo, enviada como uma jovem estudante para aprender sobre a humanidade. Após Bethany se encantar com a vida humana, ela começa a viver todas as experiências de uma adolescente normal, até se apaixonar por um rapaz e colocar toda a missão em risco. As forças do mal se aproveitarão dessa situação para pôr seus planos malignos em prática. Um romance de tirar o fôlego, que responderá a pergunta: será que o amor é forte o suficiente para vencer as forças do mal? 

As Forças Celestes estão mandando seus mensageiros para terra para espalhar o amor e a boa vontade entre os homens. Gabriel, Ivy e Bethany são enviados para Venus Cove, na Costa da Geórgia (porque mandariam anjos para uma cidade onde nada acontece? Só Deus sabe). 

Bethany é um anjo novo e está na sua primeira vivência como humana, sendo assim a mais vulnerável dos três. 

“Por alguma razão, virar humana realmente me deixou confusa. Eu não estava preparada para a intensidade disso. Era como de uma só vez passar de um vazio estático a uma montanha-russa de sensações. Às vezes, essas sensações se cruzavam e mudavam a todo tempo, e o resultado era uma completa confusão. Eu sabia que devia me distanciar de tudo que fosse emocional, mas ainda não tinha descoberto como.” 


Depois que conhece Xavier, por quem se apaixona perdidamente (ênfase no perdidamente), Bethany começa a questionar o fato de não ter livre arbítrio. Enquanto vive esse dilema, surge um emissário das forças do mal que deseja disseminar a confusão e o desespero. 

A proposta do livro é muito interessante e capa é maravilhosa. Mas... 

Mas Halo não é um livro de ação. Grande parte do tempo, ficamos lendo sobre os medos e questionamentos de Bethany sobre sua paixão Xavier. 

No início a paixão dos dois é contagiante, mas depois de um tempo se torna entediante. A autora focou sempre nos mesmos dilemas e medos. A personagem não evoluiu. Mas o pior é ver um ser celestial ser reduzido a uma criatura pedante e carente. 

“De acordo com o que lia na literatura, parecia-me que estar apaixonado significava ser o mundo inteiro da pessoa amada. O resto do universo era insignificante comparado aos amantes. Quando estavam separados, cada um entrava num estado melancólico, e apenas quando se reuniam seus corações tornavam a bater. Só estando juntos poderiam realmente ver as cores do mundo. Uma vez separados, aquela cor sumia, deixando tudo cinzento e nebuloso.” 

No livro é dito que ela é a mais vulnerável dos três, até aí tudo bem, mas ela vira uma tapada quando se apaixona. Chega ao cúmulo dela ter de ser quase alimentada na boca (ainda não descobri o porquê dos autores sempre relacionarem paixões obsessivas com comida). 

Já Xavier é praticamente o Super Homem. Ele é capitão da equipe de remo, joga futebol, joga rúgbi, é representante da escola, faz serviços sociais, ajuda a mãe com os irmãos, tira boas notas, faz discurso, sabe cozinhar, pesca e ainda tem tempo para pajear a namorada  (alguém me lembre se esqueci mais alguma habilidade do rapaz). Céus! 

Acho que a autora esqueceu-se de mencionar que o Xavier tem um vira-tempo. Porque ficou parecendo que ele era o anjo com poderes celestiais. Enquanto Bethany mais parecia uma toupeira tapada. Não deu para engolir essa. 

Perde-se muito tempo com as neuras da Bethany (e são sempre as mesmas do começo ao fim do livro). Os diálogos são pouco explorados. O que é uma pena. Pois o Xavier é bem espirituoso e divertido. 

“ – Você precisa fazer o que gosta também – argumentei. 
– Por isso tenho você. 
– Como acha que vou conseguir estudar com você dizendo essas coisas? – reclamei. 
– O estoque delas é enorme – brincou Xavier. 
– É isso que você faz no seu tempo livre? 
– Acertou. Passo o tempo escrevendo elogios para impressionar as mulheres. 
– Mulheres? 
– Desculpe. Uma mulher. Uma mulher que vale por mil. 
– Ah, pare com isso. Não adianta tentar consertar. 
– Tão gentil – comentou Xavier, balançando a cabeça. – Sempre pronta a perdoar, a ser generosa...” 

A ação também não é aprofundada. Quando começa alguma agitação, ela acaba antes da que possamos comemorar (fiquei indignada com rapidez que acabou a batalha tão aguardada durante a história). 

Agora o auge do absurdo é que os anjos não reconheceram um demônio. Fiquei completamente indignada nessa parte. 

A Bethany até perdoo, pois é anja-novata, mas o famoso arcanjo Gabriel e a serafim Ivy? 

Esses tinham que ter percebido de imediato. Fora que não teve nem uma justificativa para isso, a explicação fajuta de que a aura dele era parecida com a de mortais que tinham sofrido muito ou eram criminosos, não colou. 

O demônio estava mais para adolescente rebelde do que representante das forças das trevas. Mas tendo em conta que os anjos também não são de nada, não podíamos esperar um vilão muito poderoso, não é mesmo? 

Enfim, como eu disse no começo: a proposta é boa. Mas deixou muito a desejar. 

Confesso que esperava uma anja mais forte e determinada, principalmente porque é o primeiro livro que leio que o protagonista é feminino e anjo. Transformar ela num ser frágil e tonto foi uma crueldade sem tamanho. 

Não gosto de romances onde os protagonistas se anulam quando se apaixonam. Aliás, fiquei com a impressão de que o livro era uma fanfic de Crepúsculo. Quem ler, logo irá identificar personagens com as mesmas personalidades e características da saga. 

Assim como Meyer quis inovar reinventando o mito dos vampiros, Alexandra também tentou criar uma nova mitologia angelical. Provavelmente o processo dela foi feito assim: pega-se todo o conhecimento e os mitos sobre anjos existente, passa com uma carreta bem pesada por cima umas vinte vezes e depois junta tudo o que sobrou e está pronto um novo tipo de anjo (resumindo: ficou um “Frankenstein” angelical!). 

Quem já estudou um pouco sobre anjos, olha para esses anjos e fica na dúvida se fica perdido ou indignado. Mas esquecendo dessa parte, que uma simples busca na internet teria resolvido, é um livro de mediano a fraco. 

Aqueles que gostam de romance grudento ou contos de fadas, onde a mocinha é uma “frágil donzela em perigo”, talvez gostem. Já quem gosta de mais ação vai achar entediante. Espero que os personagens evoluam nos próximos livros. 


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3 comentários

  1. Poxa, que pena que o livro foi um desastre =/ Já li alguns capítulos desse livro e, na época, tinha gostado bastante. Acho que me encaixo na categoria "que gostam de romance grudento ou contos de fadas, onde a mocinha é uma “frágil donzela em perigo”" ><

    Beijos,
    www.procurei-em-sonhos.com

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    Respostas
    1. Na verdade o livro não foi um desastre, como eu disse a proposta foi muito boa, mas a autora exagerou nos "resmungações" da Bethany. O começo é bem legal, mas depois que ela se apaixona, fica muito introspectivo.
      O que foi uma pena, porque ela podia ter aproveitado para se aprofundar mais em outras coisas.
      Como esse é o primeiro, provavelmente melhor nos próximos. Mas realmente eu sou chatinha para romances melosos, kkkkk prefiro mais amor com ação e aventura, kkkkk Bjs

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  2. Fico triste por não ter sido bem escrito. Talvez nos próximos ela não se perca tanto. E parabéns por expor a sua opinião sincera em relação ao livro sem puxasaquismo como se vê em geral.

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