A Escolhida é o segundo livro da série O Doador de Memórias. Porém, me surpreendeu muito, por se tratar de uma história totalmente diferente. Sem qualquer ligação com o primeiro livro. Exceto, por parecer se passar na mesma época.
Nós conhecemos Kira no Campo da Partida, onde ela vela sozinha o corpo de sua mãe. Kira é uma jovem corajosa, decidida, que nasceu com uma deficiência em uma das pernas. O que a faz ser rejeitada e hostilizada pelas pessoas do vilarejo onde mora. Mas sua mãe lhe ensinou a ser forte e útil, para que pudesse se manter entre eles.
Como sua mãe morreu de uma doença misteriosa, o costume do lugar é de queimar a casa com todos os pertences do doente junto. Isso deixa Kira sem ter onde passar a noite ao voltar do Campo. Mas ela já vem pensando em como fará para reconstruir o casebre.
Entretanto, uma mulher com uma grande cicatriz, que diz ter sido feita pelas feras que vivem na floresta, quer o espaço onde ficava o casebre de Kira. Para isso ela junta outras mulheres do lugar e as convence que precisam de um espaço para colocar as crianças pequenas e aquele lugar é perfeito. Assim, está feita a contenda entre Vandara e Kira.
Como seria impossível para Kira se sobrepor fisicamente a Vandara, ela usa sua inteligência e apela para o Conselho dos Guardiões. O Conselho é composto por doze homens que decidem as questões importantes no vilarejo.
Durante o julgamento, Kira foi representada por um dos Guardiões, que além de rebater todos os questionamentos de Vandara, ainda torna-se um protetor para Kira.
Ao final do julgamento, ambas tem o que queriam: Vandara recebe o local do casebre de Kira para fazer o cercado para os pequenos, e Kira recebe um emprego e um lugar para ficar.
Assim, Kira se torna a bordadeira de uma túnica muito antiga, que conta a história do mundo desde antes da Ruína e passa a morar no prédio do Conselho. Lá, ela conhece Thomas, o entalhador, que também mora no prédio desde que ficou órfão.
Juntos, eles vão descobrir que nem tudo no vilarejo é o que parece e que o Conselho de Guardiões esconde muitas coisas ruins.
"Kira compreendeu de repente que, embora sua porta estivesse destrancada, não era livre de verdade. Sua vida se limitava àquelas coisas e àquele trabalho. Ela estava perdendo a alegria que costumava sentir quando as linhas de cores vivas tomavam forma em suas mãos, quando os bordados vinham a ela e eram só seus. A túnica não pertencia a ela, por mais que aprendesse sua história através do trabalho que fazia. Kira era quase capaz de contá-la toda agora que ela passara pelos seus dedos, agora que se debruçara sobre ela tão de perto durante tantos dias. Mas não era aquilo que suas mãos ou seu coração desejavam fazer."
No começo, fiquei meio perdida. O mundo de Kira é o extremo oposto do mundo que vimos no Doador de Memórias. E em nenhum momento é citado os eventos ou personagens do livro anterior. Somente no final há uma insinuação de um personagem do outro livro, mas sem dizer seu nome diretamente.
O vilarejo é muito parecido com uma vila medieval. Não há tecnologia, as pessoas são rudes e extremamente preconceituosas. Vivem sob a lei da selva: apenas os mais fortes sobrevivem.
"É como as coisas são. Os pequenos aprendem desde cedo a agarrar as coias e empurras os outros. É a única maneira que as pessoas têm de conseguir o que querem. Eu teria aprendido o mesmo, se não fosse pela minha perna."
O Brejo, onde vive Matt, amigo de Kira, e seu cachorro Toquinho, é descrito como um lugar sujo, sombrio e sem esperança.
O único dia em que as pessoas são educadas e respeitáveis é o dia da Congregação, que ocorre uma vez no ano. Quando o Cantor canta a história do mundo desde antes da Ruína. Pouco se conta sobre a Ruína, não é explicado quando aconteceu e o que houve depois. A autora se focou apenas na história presente.
"O Hino da Ruína era longo e extenuante. Começava cm o início dos tempos, contando toda a história das pessoas ao longo de incontáveis séculos. O passado era assustador, repleto de guerras e calamidades. A parte mais aterrorizante era a Ruína, o fim da civilização dos ancestrais. Os versos falavam de gazes fumacentos e venenosos, de grandes rachaduras na terra, de desabamentos de grandes edifícios, varridos pelos mares. Todos eram obrigados a ouvi-lo anualmente, mas às vezes as mães tapavam, protetoras, os ouvidos de seus pequenos durante a descrição da Ruína."
Kira é uma protagonista fabulosa. Ela tem tudo para ser uma “coitadinha”, mas ela é forte, inteligente e boa. Sempre busca no que aprendeu as respostas para resolver os problemas que enfrenta. Não usa sua deficiência como desculpa, ao contrário, busca forças nela para superar os obstáculos. E está sempre pronta a ajudar seus amigos.
Thomas é gentil e bondoso. Como foi criado no prédio do Conselho desde pequeno, não tem os mesmo preconceitos e oportunismos dos outros moradores do vilarejo. Está sempre ao lado de Kira. Mesmo nas situações mais perigosas e difíceis, como dar banho em Matt e Toquinho ( a parte mais hilária do livro).
Matt é um garoto pequeno que se tornou amigo de Kira. Ele é uma arruaceiro de primeira, mas também é muito inteligente e bondoso. Kira passou a admirá-lo quando ele salvou a vida do cachorro Toquinho. Enquanto os adultos não se importavam nem uns com os outros. O garotinho fez tudo que pode para salvar o cachorro, que passou a ser sua sombra.
Matt não conhece o amor familiar, o mais próximo que possui disso é Kira, para quem ele fará de tudo para se tornar o seu “preferido”. Ele desempenhará um papel muito importante, pois trará a Kira além da cor que ela mais necessita para seu bordado, algo que ela pensava estar perdido para sempre.
A Escolhida é um livro sobre amizade, sobre superação e... um verdadeiro mistério. Pois não consigo imaginar como essa história se encaixa na primeira da série.
É um livro rápido de ser lido, com passagens tristes e outras muito engraçadas. Mas terminou com mais perguntas para serem acrescentadas as já deixadas no primeiro livro. Ah, mas isso não faz a história ser menos interessante. Ao contrário, só nos deixa desesperados para ler a continuação (que eu espero não leve sete anos para ser escrita!!!).
Eu não li O Doador de Memórias, mas assisti o filme e o enredo em si não me atraiu. Não sabia que havia um segundo livro da série, e me surpreendi que a história não acompanha nada do primeiro livro. Muito estranho. Eu até tenho curiosidade por ter sido a primeira distopia escrita, mas ainda assim, o enredo me incomoda.
ResponderExcluirhttp://www.laoliphant.com.br/
Oiee, não li O Doador de Memórias, apenas assisti o filme, que estranho o livro não acompanhar a hist do primeiro.
ResponderExcluirbeijos
http://paraisodasideas.blogspot.com.br/
Não é uma série que me chama muito a atenção, mas sua resenha ficou muito boa e completa! Beijos!
ResponderExcluirOi, tudo bem?
ResponderExcluirEu já li tanto O Doador de Memórias quanto o A Escolhida e confesso que gostei bem mais do 1° livro dessa série.
Ambos tem histórias muito interessantes e personagens muito atrativos. Mas eu fiquei cheia de perguntas ao final desse 2° livro e isso me incomodou um pouco. Fora que eu acho que a autora deveria ter descrito mais sobre o funcionamento dessa sociedade...
Abraço!
http://www.livrosesonhos.com/
Oie, Rosangela!
ResponderExcluirA capa de Doador de Memórias é tão linda, então vem A Escolhida e decepciona ): Eu não sei, não vi muitas resenhas positivas sobre essa continuação. Ainda estou meio incerta quanto a ler o primeiro, sabe? Eu sei que provavelmente vou gostar, mas sei lá. Tem tanta coisa que tenho certeza que vou amar na frente! Hahaha
Com carinho,
Celly.
Me Livrando ❤