[RESENHA] SEMPRE - OS LOBOS DE MERCY FALLS - LIVRO 3 - MAGGIE STIEFVATER



Sempre é o final da amável trilogia de Maggie Stiefvater, Os Lobos de Mercy Falls. Desta vez, os riscos estão maiores do que nunca: enquanto o pai de Isabel planeja acabar com todos os lobos de uma vez por todas, Sam e Isabel procuram por maneiras de salvar a matilha, e Cole corre em busca de uma cura para Grace. Porém a peça central da série é o romance — entre Sam e Grace, claro, e entre Cole e Isabel — e a escrita brilhante e pungente de Maggie não desaponta. Sam e Grace roubam momentos doces e de tirar o fôlego juntos, durante o período das imprevisíveis transformações de Grace, e Cole e Isabel lutam para derreter o interior frio um do outro. Os leitores irão se derreter também, e encontrarão um satisfatório, porém não tão perfeito, final.


Atenção: Esta resenha contém spoilers dos livros anteriores da série!



Este livro é intenso. Aliás, esse deveria ser o nome do livro: Intenso. Enquanto em Espera nós literalmente esperamos. Em Sempre mal dá para tomar fôlego.

O livro já começa sendo narrado pela intragável da Shelby. Embora ela apareça pouco nos três livros, essas vezes já são suficientes para odiá-la. Ela é uma psicopata não importa em que forma esteja e a morte sempre a acompanha. Assim sendo, já é um começo completamente tenso e inusitado.


Shelby tem participação em eventos importantes e que vão determinar o rumo de muitas coisas. Aliás, a participação dela pode ser resumida assim: se uma situação já estiver péssima, pode contar com a Shelby para piorá-la.


Já Grace voltou a sua natureza do primeiro livro. Está mais analítica, determinada e lutadora. Mesmo na forma de loba, ela ainda consegue manter um pouco da sua personalidade. Mas ela está tendo problemas para controlar a transformação. E, isso por si só já deixa Sam totalmente desesperado. Ela também tem de enfrentar os pais e acabar com sua desconfiança contra Sam. Mas como ela não pode revelar que é uma loba, vai ser difícil fazê-los acreditar que ele não a sequestrou ou convenceu ela a fugir de casa.

Sam, a princípio continuou igual ao livro anterior. Agora que não há mais o risco de Grace morrer pela falta de transformação, Sam surta por não saber onde ela está e o que pode acontecer com a loba Grace. (Sim, ainda dá muita vontade de dar um safanão nele!) Sam sem a Grace é como futebol sem bola, não existe. Ele não consegue pensar direito, agir, ou sequer colocar a casa em ordem. Já que Cole é a personificação da desordem.

“Sem Grace, eu só tinha as canções a respeito de sua voz e as canções a respeito do eco deixado quando ela parou de falar.”

Isabel e Cole são quem comanda a maior parte da ação.

Cole enfim aceita que é mais útil como humano do que como lobo (ou morto) e começa um processo para se tornar uma pessoa melhor. Mas esse processo é bem ao “estilo Cole”, ou seja, com muitos atos audaciosos e, potencialmente, suicidas.

“Pensei no sorriso sincero de Grace. Na confiança de Sam em minha teoria. Em saber que a Grace havia sobrevivido por minha causa. Havia algo vagamente glorioso em ter um propósito de novo.”

Fiquei muito contente com essa nova fase do Cole. Foi um personagem que realmente cresceu na história. E agora Cole está empenhado em achar uma “cura” para a transformação e uma forma de ajudar a matilha a escapar das garras do pai da Isabel. Ver Cole bancando o cientista louco chega a ser divertido. E como sempre, ele e Isabel se completam perfeitamente, com suas tiradas sarcásticas e humor ácido.

Por falar na Isabel, essa foi uma que se desdobrou em mil nesse livro. Sofrendo com o “efeito” Cole (a paixão dos dois é evidente, mas ambos tem tantas feridas que é difícil eles terem um romance tranquilo). Preocupada com Grace. Tentando ajudar os lobos. Lidando com as brigas dos pais e com a loucura de seu pai, que quer de todas as maneiras matar os lobos. Isabel não teve descanso.

“O problema de Cole St. Clair é que você pode acreditar em tudo o que ele diz e, ainda, não acreditar em nada do que ele diz. Ele era tão grandioso que era fácil acreditar que poderia conseguir o impossível. Mas ele também era um lixo sem tamanho no qual se podia confiar. O problema era que eu queria acreditar nele.”

Um personagem que apareceu mais do que gostaríamos foi Tom Culpeper. O lunático, pai da Isabel, enfim conseguiu um meio de realizar seu desejo insano de vingança contra os lobos. Com a ajuda de um antigo colega, ele conseguiu autorização para caçar e matar todos os lobos de Mercy Falls. Agora é uma corrida contra o tempo para salvar o bando.

Tom consegue o papel de herói diante da cidade, enquanto Sam é visto com desconfiança. Todos acreditam que ele é responsável pelas mortes ocorridas e pelo desaparecimento de Grace. Toda essa carga de acontecimentos faz Sam sair do marasmo e confrontar seus fantasmas.

Enfim, Sam analisa as atitudes e os motivos que levaram Beck a transformá-lo. Ele sofre com as descobertas, mas amadurece. Sua relação com Cole passa para um estágio de amizade, já que agora os dois estão unidos por um objetivo em comum. Isso facilita que um veja as qualidades do outro e passem a se respeitar.

Achei que ficaram algumas pontas soltas. Talvez propositais para dar origem a outros livros. Mas ainda assim não atrapalharam na conclusão do livro e da trilogia.

Não tem como falar mais de Sempre sem contar a história toda e debater cada ponto. É um livro intenso, com muita ação, luta e redenção. Um final perfeito para uma história que gostaríamos que não tivesse final.


Bjs e boa leitura.








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