[RESENHA] UMA JANELA PARA A FELICIDADE - SONIA TOZZI

Nancy nasceu em uma família extremamente amorosa. A irmã Clara era sua grande amiga e companheira. As duas tinham grande afinidade, e Clara era capaz de qualquer sacrifício pela adorada irmã. Hugo era o irmão, gostava dela, mas algo o impedia de se aproximar e ter um contato mais carinhoso. Os pais, Silvia e Bernardo, eram presentes e compreensivos. A jovem nascera com uma deficiência física e até os quinze anos, quando seu pai desencarnou, ela vivia fechada em casa. Sua única diversão era passear às margens do rio que circundava a residência da família. Cansada de viver sem propósito, Nancy, com a ajuda de Clara e de Vilma, sua acompanhante, transforma sua vida quando passa a frequentar e colaborar em uma Casa Espírita. Uma Janela para a Felicidade, do espírito Irmão Ivo, pela psicografia de Sônia Tozzi, é um romance contagiante, que traz grandes ensinamentos acerca da vida e do preconceito, além de mostrar a resignação e a força de personagens que entendem como a luta pela superação de nossos defeitos é importante para a nossa própria evolução.

Observação: Está é uma resenha literária, não pretendo e nem irei debater religião aqui.

Este livro chegou até minhas mãos por uma amiga. É o primeiro romance espírita que leio, confesso que quando vi a sinopse fiquei com receio de ser um livro muito triste ou daqueles que choramos do inicio ao fim. Mas estava completamente enganada, embora a vida de Nancy seja muito sofrida e ela questione o porquê de ter nascido daquele jeito, sua história é cheia de amor e superação. Superação essa que serve para diversos tipos de problemas.

Nancy, nossa protagonista, é uma pessoa bondosa e sofredora, que se fechou em seu mundo para diminuir o sofrimento daqueles que ama. Nancy nasceu com uma deficiência física grave e isso era causa de tristeza para ela e sua família. Como dizem: quando um de nossos sentidos é falho, os outros se aprimoram. Fechada em seu mundo e observando seus amados, Nancy desenvolveu um profundo conhecimento do amor e das pessoas. Consegui enxergar além das palavras que lhe eram ditas. Embora não pudesse andar, Nancy podia comunicar seus conhecimentos do ser humanos para ajudar outras pessoas. Seu dom era a palavra e sua superação era o exemplo para muitos. Seu amor por Clara é a base da sua força e da sua renovação.

Clara, sua irmã, é corajosa e companheira, tem um amor enorme por sua irmã. Amor que só se fortalece a cada obstáculo que lhe é imposto para integrar a irmã a sua família e a sociedade.

Hugo, seu irmão, é bondoso e forte, mas não consegue se aproximar de Nancy mesmo amando-a muito. É um pouco ausente na história, mas no final descobrimos que ele é o principal personagem da vida de Nancy.

Sílvia era uma mulher dedicada aos três filhos e ao marido, mas também não conseguia aceitar a deficiência de Nancy, sentindo-se culpada por ela ter nascido daquele jeito. Após a morte do marido, ela se vê frente as mudanças que Clara começa a provocar na família, e mesmo no início sentindo-se fraca e impotente, sua força aparece no desenrolar da história.

Da forma como foi descrita, a transformação dessa família pareceu fácil e rápida. Todos tiveram o insight ao mesmo tempo. Embora a autora não descreva quanto tempo se passa de um acontecimento para outro, dá para imaginar que não foi tão rápido assim. Muitas passagens me lembram os livros do Augusto Cury, com ensinamentos prontos, que na prática leva-se muito tempo para assimilá-los. Isso não torna o livro menos interessante.

Este é um daqueles livros que coisas ruins acontecem com as pessoas boas e nos perguntamos como Deus permite tal coisa, mas a verdade é que nos eximimos de nossa responsabilidade nas escolhas que fazemos e tentamos achar um culpado para suas consequências. Essa é a idéia central do livro: somos responsáveis pelo que nos acontece. Mas também somos responsáveis pelo amor que damos aos outros.

É uma leitura deliciosa, que nos prende do início ao fim, embora no fim desejemos que o livro continue. Surpreendeu-me muito.

SKOOB